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Colocar limites na adolescência!


 

Maria, de 16 anos, sai do quarto, dirige-se à cozinha e pergunta o que é o jantar. A mãe responde: "Ainda não está pronto. Já desenrasco qualquer coisa." A Maria, com maus modos, diz que tem fome, que o jantar já deveria estar pronto e ordena que se encomende qualquer coisa. A mãe, incrédula, pede-lhe que se acalme, que veja um pouco de TV e informa que o jantar estará pronto em breve.

Nos últimos meses tenho recebido algumas mensagens de pais que não sabem como lidar com este tipo de comportamento dos filhos, Em muitos casos, filhos com mais de 18 anos, que segundo os pais, exigem e fazem "birras" como crianças pequenas.

 A maior parte destes pais, apesar de não considerar o comportamento adequado, arranjam algum tipo de desculpa para os filhos. Alguns justificam o comportamento porque os filhos os filhos andam stressados com alguma coisa. Outros sentem-se culpados, dizem que falharam como pais em alguma altura do processo educativo. Outros questionam se não será apenas o adolescente a ser adolescente, se não será uma fase que passará mais cedo ou mais tarde.

Pais, repitam comigo: Os pais não  devem aceitar todo e qualquer comportamento do jovem por este estar na adolescência ou por estar a passar por um momento difícil. Nop! O adolescente deve saber quando o risco é pisado e deve ser incentivado a reparar o seu erro. Suspirar e virar costas, ficar triste e afastar-se em silêncio mas ainda assim atender às exigências do filho ou da filha, apenas reforça um comportamento que não é aceitável. É importante que o pai ou a mãe expressem como se sentem em relação a isso de forma firmee calma. Se precisarem de um tempo para "arrumar as ideias", para se acalmarem digam isso mesmo: "agora não ocnsigo falar porque estpu irritada. Preciso de uns minutos para me acalmar..." É muito importante comunicar esses limites porque o jovem tem que perceber que algumas atitudes/comportamentos não são aceitáveis. 

Voltemos ao exemplo da Maria e da sua mãe. A mãe da Maria poderia dizer algo como: "Quando falas dessa forma fico mesmo triste e duvido da educação que te estou a dar. Gostava que te expressasses de forma educada. (Espaço para escutar a Maria). Estou quase a terminar uma reunião. Depois podemos fazer o jantar juntas." 

Poucos de nós fomos ensinados a colocar limites mas sabes de uma coisa? Vale mesmo a pena aprender. Colocar limites é uma forma de mostrar que nos respeitamos e ao fazê-lo ensinamos os nossos filhos, não só a respeitarem-nos mas a fazerem-se respeitar no futuro. 

Por fim, um pedido: conheces alguém que poderá tirar proveito deste post? Partilha com ela. Ajuda-me a chegar a mais famílias.

 

 


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