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Vais oferecer o primeiro smartphone ao teu filho? Já pensaste escrever um contrato de utilização?

 


 

Ontem publiquei nas stories do Instagram uma foto do contrato de utilização de smartphone que escrevi para a minha filha. Recebi algumas questões e resolvi escrever sobre isso e responder às perguntas que me foram colocadas. 

A minha filha recebeu o primeiro telefone aos 11 anos (tem 14). Estava inscrita num curso de verão no conservatório e achamos que era importante ter uma forma de se comunicar connosco em caso de necessidade. O telefone era simples, um dumbphone e foi batizado de iPedra por ela e pelas amigas. :) Há uma semanas o seu telefone morreu e foi altura de avaliar a situação e decidimos que estava preparada para utilizar um smartphone. 

Porque achamos que está preparada para receber um smartphone? A utilização do iPedra já tinha regras definidas e a coisa correu bem. Por outro lado provou que já é responsável porque cumpre com as tarefas e responsabilidades que lhe foram sendo atribuídas. 

Porquê escrever um contrato? Podemos escrever contratos com os miúdos e usá-los em várias situações. É claro que podíamos apenas escrever as regras numa folha com regras definidas em conjunto com a criança ou adolescente, mas acho que o contrato tem outro peso e confere importância ao ato. 

O que pode constar nesse contrato? Podem constar regras de utilização que façam sentido para a família, como por exemplo: espaços e alturas em que o smartphone não é bem-vindo, a hora em que o smartphone pode ser ligado e a que horas deve ser devolvido ao seu lugar de “descanso”. Pode incluir também as consequências a serem aplicadas caso as regras não forem cumpridas, que devem ser justas e estar relacionadas com a utilização do smartphone. 

Esse contrato vai variar de família para família e de criança para criança. É óbvio que não vais colocar as mesmas regras ao teu filho de 10 e ao teu filho de 14. Podes querer que o teu filho de 10 desligue o telemóvel assim que chega da escola e podes dar mais alguma liberdade ao de 14. Ou podem chegar à conclusão de que o mais novo só usa o smartphone fora de casa em algumas situações.

Até que idade posso fazer esse contrato? Não consigo dar-te uma resposta concreta. A minha experiência diz-me que pode funcionar até aos 14/15 anos. Mas a verdade é que é muito pouco provável que um adolescente nessa idade não use já smartphone há um bom tempo. Se o trabalho de colocação de regras e limites já tiver sido feito deixa de haver essa necessidade. Se por acaso esse trabalho não tiver sido feito e percebes que não faz um bom uso do mesmo e que está a prejudicá-lo (e à família) de alguma maneira vais sempre a tempo de conversar com ele e falar da necessidade de colocar esses limites. É mais difícil mas é possível. 

O que ganhamos quando estabelecemos regras juntamente com a criança/adolescente e as escrevemos e assinamos? Quando o fazemos é mais provável que as regras sejam cumpridas e não dás por ti a repetir-te de hora a hora, todos os dias da semana. Ninguém quer estar sempre a repetir-se e a fazer de polícia a toda a hora. É um papel que nos deixa exaustos e que desgasta a nossa relação com os miúdos. Ter estas regras escritas dá-lhes poder e  promove a autonomia. Sabem o que se espera deles e agem em conformidade. E, acredita, quando os miúdos fazem parte do processo é mais provável que os acordos se cumpram.








 

 

 

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