O encerramento dos Jardins de Infância e das Escolas dos nossos filhos veio, a meu meu ver, agravar uma situação que há muito me preocupa - a exposição excessiva aos ecrãs.
As aulas diárias passaram a ser dadas à distância por videoconferência recorrendo para isso às muitas plataformas que existem no mercado. A esse tempo somam-se ainda as horas de #EstudoEmCasa usadas por algumas escolas bem como as que passam ao computador para entregar trabalhos.
Como se não bastasse, muitas famílias utilizam também os dispositivos eletrónicos para entreterem os filhos. Os pais argumentam que não têm alternativa porque têm que trabalhar e essa é a única forma de os manter entretidos durante muito tempo.
Os dispositivos eletrónicos entraram nas nossas vidas e não há retorno. Facilitam-nos a vida de tantas formas que era tonto da nossa parte não as utilizarmos. Mas será que as utilizamos de uma forma que nos traga mais benefícios que prejuízo?
A revista Pediatrics da Sociedade
Americana de Pediatria, num artigo sobre o tema publicado em 2016,
recomendava que os pais evitassem a exposição dos seus filhos aos ecrãs
até aos 2 anos de idade. Se antes desta idade os pais permitirem
que os seus filhos utilizem os dispositivos eletrónicos são
incentivados a fazê-lo com os filhos e a escolherem bons programas para
apresentar aos filhos. A partir dessa idade e até aos 5 anos
recomendavam uma exposição até 1 hora por dia dando sempre atenção aos
conteúdos.
São recomendações que, como é óbvio, devem ser ajustadas à realidade de cada família mas servem de guia orientador na altura de pensarmos introduzir os ecrãs na vida dos nossos filhos.
Mas não será isso tudo um exagero? - perguntam vocês (e ouço eu muitas vezes). Não. Não é um exagero.
Ao longo dos anos muitos estudos científicos têm vindo a alertar para os perigos da exposição excessiva aos ecrãs: Obesidade, perturbações do sono, atraso no desenvolvimento cognitivo e socio-emocional da criança, agravamento dos sintomas em crianças com Perturbação de Hiperatividade e Défice de Atenção (PHDA), entre outros. Basta uma pesquisa à procura de artigos científicos sérios sobre o tema para percebermos que os riscos são reais e sérios.
Vale a pena pensarmos na forma como estamos a usar os dispositivos eletrónicos bem como na forma como os introduzimos na vida dos nossos filhos. Será que tens mesmo que lhes dar um telemóvel para a mão para que comam tudo o que têm no prato? Será que podes encontrar outra forma de se distraírem quando precisas de trabalhar ou quando precisas simplesmente de "respirar"? Será que as crianças têm mesmo que estar sempre distraídas? Antes de lhe entregares um telemóvel/tablet ou de o sentares em frente a TV pensa: que alternativas tenho?
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