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"Acho que não gosto da minha filha!"




"O que se passa comigo? Como é possível sentir isto pela minha própria filha? Deus me perdoe, mas acho que não gosto da minha filha. Não é suposto termos estes sentimentos pelos nossos filhos, pois não?"
Estes eram os pensamentos mais íntimos de uma mãe. Pensamentos dos quais se envergonhava muito e não sonhava verbalizá-los, nem mesmo ao marido ou às amigas mais íntimas. Uma mãe que não gosta da filha? Quem poderia compreender tal coisa?

Crescemos a ouvir que não há amor como o de mãe e que esse amor é infinito, incondicional. A verdade é que nem sempre é assim. E, quando as coisas não correm como o esperado, quando os sentimentos que nos assolam se afastam e muito do que crescemos a ouvir, o exercício da maternidade pode ser acompanhado de muita culpa e dor.

Uma conversa foi o suficiente para retirar muito do peso que aquela mãe carregava. Depois disso conseguiu perceber que, na realidade, o que ela não gostava era de alguns comportamentos e atitudes da filha adolescente. Sentia-se ofendida e magoada com muitos deles. Perceber essa diferença tornou tudo mais leve. Ela amava a filha, mas muitas vezes odiava os seus comportamentos e atitudes.

Os nossos filhos são pessoas com defeitos e qualidades como todos nós. Todos erramos, e as crianças e adolescentes, dada a sua imaturidade ainda mais. É por isso normal, que por vezes, nos sintamos magoados, chocados (e até um pouco assustados) com algum comportamento ou atitude dos nossos filhos. 

É muito importante que lhes demos a oportunidade e que os ajudemos a reparar esses erros. Podemos e devemos conversar sobre o assunto com os nossos filhos, dizer como nos sentimos em relação ao seu comportamento, alertá-los para as consequências que daí poderão advir... E neste ponto  nunca é demais repetir o quão importante é reforçarmos o vínculo e fazer uso de uma comunicação positiva.

Bom fim de semana!




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