Há umas semanas abri a caixa de sugestões do meu Instagram e recebi este pedido de uma mãe: "Como conseguir que os meus filhos (adolescentes) não sejam preguiçosos?".
Querida mãe,
Posso ser direta? Aqui vai: Não consegues! Nunca encontrarás neste espaço
truques para mudar os teus filhos. Mas se o que pretendes é aprender
mais e ajudar os teus filhos a tornarem-se jovens responsáveis, felizes e
de bem com a vida, conta comigo. Mas preciso que tenhas a noção que
tudo começa por ti - mãe ou pai. A mudança começa sempre em ti.
Estive uns dias a pensar nesta questão e surgiram-me algumas questões: o que é que chama de preguiça? Será demorarem mais a realizar as tarefas? Será dormirem mais? Será preferir realizar as tarefas noutro horário? Será pouca vontade em colaborar nas tarefas domésticas?
Outras questões ainda mais importantes: será que o que deseja mesmo é que os filhos deixem de ser preguiçosos ou será que deseja que os filhos sejam capazes de cuidar dos seus assuntos, que consigam cumprir com o que lhes é exigido na escola, que consigam levar uma atividade até ao fim, que mantenham o seu quarto limpo e arrumado, que participem mais nas tarefas domésticas? Talvez seja apenas isto, não é?
O ideal é que os pais comecem a treinar estas competências bem cedo na infância. É muito mais difícil se começares na adolescência mas a boa notícia é que é possível. Mas deves esperar mais resistência e alguns protestos.
O que acontece muitas vezes é que nós pais não criamos a oportunidade de criarem hábitos de trabalho. Fazemos a sua cama, preparamos os lanches da escola até bem tarde, preparamos as suas mochilas, preparamos o pequeno-almoço e arrumamos a cozinha sozinhos. Porque é mais rápido, porque não queremos confusão na cozinha ou porque não queremos ouvir protestos. E assim vamos perdendo oportunidades de ensinar valiosas lições. Depois aos 15, 18, 20 anos queixamo-nos que os nossos filhos não fazem nada em casa, que são preguiçosos. Talvez se tenha passado algo parecido aí por casa.
Por onde começar? Bem, não queiras fazer num mês o que não foi feito em anos. Começa devagar. Conversa com os teus filhos. Diz-lhes que fazem parte da família e que precisas e contas com a ajuda deles. Pede-lhes sugestões. Dá sugestões e pergunta-lhes o que pensam delas. Podem definir tarefas para cada membro da família. Atribuir tarefas é uma forma de o jovem se sentir envolvido porque sente que os pais confiam nele. Têm dificuldades em organizar-se com os estudos? Conversem sobre como poderiam organizarem-se. Precisam de uma agenda ou de outra ferramenta para organizarem melhor o seu tempo?
Ensina a fazer. As vezes que forem necessárias. Se não foi ensinado é bem possível que tenha dificuldade em cumprir bem com as tarefas que lhes atribuimos. Evita comentários depreciativos como: "com essa idade nem uma cama sabes fazer?" Evita etiquetar o teu filho. Chamá-lo de preguiçoso, mandrião não vai ajudar o jovem a fazer melhor, pelo contrário.
Dá o exemplo. Como encaras o trabalho doméstico? Gostas de cuidar da tua casa? Tens gosto em ter as coisas arrumadas? A forma como cuidamos das nossas coisas, como encaramos o trabalho em casa e fora dela também pode ensinar muito aos teus filhos.
Não desanimes com alguns protestos. É provável que tenhas que os lembrar do que combinaram e fá-lo sem ralhar. Podes dizer simplesmente: "Manuel, reparei que a tua cama ainda não está feita. Combinamos que a farias antes do pequeno almoço. Trata disso, por favor." Pode ser que rebolem os olhos, que suspirem mas não leves isso a peito. Aos poucos, essas tarefas passam a fazer parte da sua rotina e passam a ser encaradas como algo tão natural como, por exemplo, tomar banho.
Não desistas! Persistência e consistência dão sempre bons frutos.
Um beijinho.
Paula
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