Ontem fiz um pequeno inquérito no meu instagram a perguntar como os pais se sentiam em relação ao regresso às aulas este ano. 67% dos pais que responderam ao inquérito disseram sentir-se apreensivos com este regresso às aulas. Alguns pais apontaram como causas para este sentimento os intervalos reduzidos, o uso da máscara por parte dos miúdos, a possibilidade de nem todas as famílias terem os mesmos cuidados para prevenir a doença, a possibilidade de contrair a doença, a impossibilidade de os pais entrarem na escola...
As informações que recebemos até à data por parte das escolas são incompletas ou mesmo inexistentes e isso não ajuda à preparação dos pais, nem ajuda os pais a prepararem os filhos. As questões são muitas: Como vai funcionar a escola? As turmas vão ser divididas? Quanto tempo de intervalo vão ter? Vão poder brincar com os amigos? Podem retirar a máscara nos espaços exteriores? Será que vamos poder levá-los à sala pelo menos no primeiro dia? Como está a ser pensada a limpeza e desinfeção dos espaços? Foram criados espaços para a higiene de centenas de crianças que frequentam a escola? E as refeições? Estas são algumas das questões que me tenho colocado e que por enquanto não tiveram resposta. E, com tudo o que as escolas tẽm em mãos, o mais provável é que cheguem na véspera.
Sabes o que decidi? Deixar de me concentrar nelas. Porque a única coisa que ganhava era ansiedade e não me estava a fazer bem. Não quero, nem devo concentrar-me naquilo que não posso controlar, no que não depende de mim. Se é fácil? Nem por isso. Não sou uma pessoa tranquila e positiva por natureza. É um exercício diário. Ainda que na véspera, as respostas chegarão. E se assim for, é na véspera que vou conversar com os meus filhos. E se ficarem questões por responder terei que questionar a escola ou outras entidades. O que faço até lá? Concentro-me no que posso fazer. E, se pensar bem, posso fazer muito. Posso preparar o material para o regresso às aulas com eles. Continuar a sensibilizá-los para as normas de higiene necessárias nesta altura. Para aqueles que estão habituados aos beijinhos e abraços dos professores e educadores, explicar-lhes que não devem esperar o mesmo comportamento dos mesmos mas que isso não significa que sintam menos carinho por eles. Posso incentivá-los a arranjar outras formas de mostrar afeto, outro tipo de cumprimento para usarem com colegas e professores. Posso ir respondendo às questões deles se souber as respostas. Não temos que ter todas as respostas. Posso dizer que saberemos em breve, que concerteza a escola está a dar o seu melhor para nos dar todas as informações o quanto antes.
Há uma coisa que não posso mesmo fazer. Não posso passar para eles a minha ansiedade, os meus medos e assustá-los.
Pai/Mãe/Educador, se te sentes muito ansioso/com medo evita partilhar os teus receios à frente do teu filho. E, muito muito importante: se sentes que não estás a conseguir lidar com essa ansiedade sozinho pede ajuda.
Este início de ano letivo vai ser muito diferente daquilo a que estávamos habituados mas tenho a certeza que o saldo vai ser positivo. Eles estão cansados de estar em casa, têm saudades dos amigos e dos professores. Vai ser um regressar à vida. Vai ser uma alegria!
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